16 de set. de 2009

We are the world - Os melhores e piores

Os melhores

5-) Paul Simon

Apesar de não desgrudar da partitura na hora de fazer o seu solo (ainda tenho a impressão de que ele deve ter esquecido como era a parte dele), a participação do Paul Simon é uma das que eu acho mais legais. Cantando de maneira bem mansinha o verso, "Oh, and it's time to lend a hand to life", ele merece o quinto lugar.

4-) Dionne Warwick

Não conhece Dionne Warwick? Para a sua informação, trata-se de uma das maiores cantoras americanas do século XX, tendo emplacado nada menos que 56 músicas nas paradas americanas durante sua carreira. Olha só com que classe ela manda ver na sua parte em "We Are The World"!

3-) Bob Dylan

Bob Dylan, considerado um dos maiores letristas do rock de todos os tempos, autor de clássicos imortais do gênero como "Blowin' In The Wind", "Like A Rolling Stone" e "Times They Are A-Changin'" ganha um lugar de relativo destaque na música ao cantar, ou melhor, praticamente recitar, com sua voz característica, os versos de "There's a choice we're making / We're saving our own lives / It's true we'll make a better day / Just you and me" numa das muitas repetições do refrão.

2-) James Ingram

Como assim? Esse cara vem sei lá de onde, ganha um trecho maior do que o do Billy Joel, que é muito mais famoso e vendeu muito mais cópias do que o ele, canta barbaramente a parte que lhe cabe e ainda tem a honra de fazer os ab-libs do refrão com ninguém menos que o grande Ray Charles? Realmente preciso conhecer mais desse James Ingram...

1-) Al Jarreau

Primeiríssimo lugar para esse cidadão, que canta o verso "And so we all must lend a helping hand". Al Jarreau não só faz a sua interpretação com a categoria que lhe é tradicional, conforme pode ser conferido em toda a sua discografia, como também confere elegância e salva uma estrofe cantada de maneira bisonha pelo Willie Nelson.

Os piores

5-) Kenny Rogers
Nada contra Kenny Rogers, só o coloquei aqui por causa das caretas que ele faz enquanto canta a sua parte. No quesito vocal, acrescentou bastante.



4-) Kim Carnes


Outra que eu também acho uma pena ter que estar aqui, já que eu gosto do desempenho dela na música. Mas não tem como falar bem da Kim Carnes (é a loira à direita, quase sumindo da foto) depois dela ter merecido apenas duas palavras para o solo.

3-) Cyndi Lauper


Aqui não tem jeito, a coisa desanda mesmo. Se Kenny Rogers ou Kim Carnes foram mencionados por causa de trejeitos alheios à parte vocal, com Cyndi Lauper a coisa é mais embaixo. Sua (in) capacidade de cantar com aquela vozinha esganiçada irritante não ajudam, bem como seu penteado colorido esquisito e cara de pato. Ainda bem que Huey Lewis e Kim Carnes, que estavam do lado, tinham fones de ouvido.

2-) Willie Nelson

Mesmo sendo uma lenda do country, a participação do Willie Nelson merece destaque entre os piores. Ele simplesmente cerra os dentes quando é a sua vez de cantar, ao melhor estilo Hebe Camargo — só faltou ele gritar "Gracinha!" no meio da música — e daí eu não entendo nada, simplesmente nada, do que ele diz.

1-) Bruce Springsteen

Ai, meu coração! Como é doloroso falar isso do Bruce Springsteen, meu artista favorito juntamente com o Queen. Mas não tem jeito. A Cyndi Lauper cantou bem pior que o povo que eu coloquei aqui, mas a cara de sofrido que ele faz beira o ridículo. Sem contar que Mr. Springsteen berra como se estivesse sendo examinado por uma junta médica da Associação Nacional dos Proctologistas dos Estados Unidos.

E vamos cantar (sem caretas!)... "We are the world... we are the children..."

14 de set. de 2009

We are the world!



Quem nunca ouviu a música "We Are The World", que, a exemplo do não menos clássico poema "O Cão Arrependido" imortalizado pelo Chaves (o quê? Não conhece essa também? Afinal, em que mundo você vive?) tem seu refrão repetido 45 vezes (ou aproximadamente isso). Trata-se simplesmente de uma performance memorável de alguns dos maiores artistas dos EUA nos anos 80 capitaneados por ninguém menos que o finado Michael Jackson, apesar de uma significativa parcela da população brasileira lembrar dela devido às interpretações de gosto duvidoso feitas pela Sol em um dos programas do Big Brother, além das letras cantadas num inglês que deixaria até mesmo o Seu Creysson encabulado.

Porém, e isso pode ser chocante para a maioria, a idéia inicial para um evento desse porte não veio da cabeça de Michael Jackson nem de seu produtor Quincy Jones nem da maioria daqueles caras que você vê no videoclipe da música, mas do cantor americano Harry Belafonte. Não precisa fazer cara de interrogação, nem eu sabia quem era esse cara antes de consultar o bom e velho Google e não acrescentou nada à minha vida ter descoberto. Apenas para não dizer que eu não estou informando como deveria (se é que eu tenho essa obrigação), Harry Belafonte é conhecido nos Estados Unidos como o rei do calypso — nada a ver com Joelma e Chimbinha — por ter ajudado a popularizar esse estilo musical na década de 50 e teve "The Banana Boat Song" como o grande hit da sua carreira. Além de artista, Belafonte destacou-se também como ativista dos direitos civis e causas humanitárias. Recentemente, juntou-se a um coro de bilhões de insatisfeitos para protestar contra as políticas da administração de George W. Bush.

Foi justamente por causa desse seu lado mais engajado que Belafonte que nasceu o embrião do que seria o United Support Of Artists For Africa — também conhecido como USA For Africa —, que deveria levantar fundos para alimentar todas as pessoas necessitadas da África. Na cabeça do fundador, ainda deveria sobrar dinheiro e alimentos para ajudar os famintos dos próprios Estados Unidos. Para atingir seu objetivo, a princípio Belafonte cogitou fazer um concerto beneficente com músicos negros para angariar recursos, mas em seguida o projeto mudou para algo próximo de um Band Aid com músicos americanos. (Não sabe o que é o Band Aid? Insisto, de que mundo você veio? Onde você estava nos anos 80?). Por isso, foi contatado o empresário musical Ken Kraiger, que tinha entre seus clientes grandes nomes da época como Lionel Richie, que imediatamente topou participar.

Em seguida, foi recrutado ninguém menos que Stevie Wonder para ajudar. Ficou acertado também que Quincy Jones, que havia acabado de produzir o multi-platinado álbum Thriller, de Michael Jackson, seria o co-produtor do negócio. Aliás, Lionel Richie telefonou para Michael Jackson, que havia acabado de encerrar uma turnê com seus irmãos, para convidá-lo para participar do projeto. Michael, que como hoje sabemos, tinha um grande apelo por ajudar criancinhas (entendam como quiserem), topou na hora, mas avisou que queria estar no grupo que iria compor a música também. Assim, a princípio a composição ficaria a cargo de Stevie Wonder, Lionel Richie e Michael Jackson. Como Stevie Wonder quase nunca estava disponível, a tarefa de criar (mais) um hino para ajudar pobres na África caberia a Lionel Richie e Michael Jackson.

Com uma dupla de compositores prolíficos formada por Lionel Richie, que havia composto várias músicas que atingiram o primeiro lugar nas paradas americanas nos sete anos anteriores, no mínimo uma por ano, e Michael Jackson, que havia lançado nada menos que o já mencionado Thriller e era o artista mais quente do momento, a música ficou pronta rapidamente, muito por causa do esforço de Michael, que queria vê-la pronta rapidamente. Finalmente, tendo a música pronta, foram mandadas cópias do instrumental e da letra para os artistas interessados.

O resultado? Três Grammy Awards, um American Music Award e um People's Choice Award, além de um single que até a data de hoje vendeu nada menos que 20 milhões de cópias, arrecadando 63 milhões de dólares para os famintos na Áfria e nos Estados Unidos. Mas vamos ao que interessa, vamos apresentar todos os artistas que participaram desse projeto utilizando o videoclip da música. A intenção é apresentar primeiramente os solistas conforme eles forem cantando as suas partes na música. Bem, na verdade, vou apresentar apenas os solistas. Não pretendo gastar o precioso espaço deste blog com artistas que ficaram só fazendo um monte de "ôôô" e "aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhh!" em coro.



No começo do clipe atentem para a capa branca totalmente brega com a assinatura de todos os envolvidos no projeto. Quem tem a honra de cantar o primeiro verso da música é Lionel Richie, que, como um dos compositores, deve ter escolhido para si o verso "There comes a time when we need a certain call". O seguinte, "When the world must come together as one", é também cantado por ele, dessa vez em conjunto com Stevie Wonder, que emenda sozinho o terceiro, "There are people dying". O baixinho Paul Simon, ex-Simon And Garfunkel, com uma partitura em mãos (será que ele não decorou a tempo para gravar?) segue com "Oh, and it's time to lend a hand to life" e fecha sua participação solo junto com Kenny Rogers em "The greatest gift of all".

Com uma careta esquisita após cantar com Simon, Kenny Rogers faz a sua parte em "We can't go on pretending day by day". "That someone, somehow will soon make a change", vem na seqüência cantado pelo desconhecido James Ingram (alguém conhece? Eu nunca ouvi falar! E ai de quem me falar coisas do tipo "De que mundo você veio?"). Tina Turner faz o seu trabalho no verso "We're all a part of God's great big family", sobrando para Billy Joel apenas três palavras ("And the truth") para o solo dele. Como pode um desconhecido como James Ingram cantar um verso maior do que um cara consagrado como Billy Joel? Lamentável! Tem coisas que só aconteciam nos anos 80. A estrofe fecha com Billy Joel cantando "you know love is all we need" com Tina.

Agora temos o esperto da turma. Como co-compositor, Michael Jackson reservou para si mesmo nada menos que o refrão inteiro. Sendo um bom amigo, dividiu uma parte do mesmo com Diana Ross. Totalmente estiloso, Michael é o único dentre todos os participantes deste vídeo, ao menos dentre os quais eu reparei, que foi filmado por inteiro, dos pés à cabeça. Bem, nada mais justo, considerando que ele era o de maior sucesso dentre todos os artistas reunidos. Ele canta "We are the world, we are the children / We are the ones who make a brighter day / so let's start giving", sua amiga Diana Ross segue em "There's a choice we're making / We're saving our own lives" e ambos fecham em duo com "It's true we'll make a better day / Just you and me". Ao final do refrão Diana Ross faz um sinalzinho com o dedo, será que ela estava apontando para Michael?

A segunda estrofe é aberta por Dionne Warwick, "Well, send'em you your heart / So they know that someone cares", enquanto "And their lives will be stronger and free" é feita em conjunto com Willie Nelson, que sem a sua bandana, não tem tanta graça assim no video. Além disso, ele canta "As God has shown us / By turning stone to bread" de um jeito engraçado, com os dentes cerrados como se estivesse tentando imitar a Hebe Camargo falando "Grachinha!". De qualquer forma, Al Jarreau "And so we all must lend a helping hand" fecha a estrofe em grande estilo. Reparem na elegância do vocal do cara. Simplesmente fantástico!

Vamos ao refrão novamente. Ao contrário do primeiro, monopolizado por Michael Jackson e Diana Ross, agora temos mais artistas revezando-se para cantá-lo, a começar por Bruce Springsteen, "The Boss", o meu favorito dentre todos os participantes. Está certo que ele faz uma cara de sofrimento digna do Cuca para cantar "We are the world, we are the children", mas está perdoado. Kenny "Footloose" Loggins prossegue com "We are the ones who make a brighter day / so let's start giving". Steve Perry, vocalista do Journey com aparência de Xororó inclusive no penteado, empresta sua voz poderosa ao verso "There's a choice we're making / We're saving our own lives", enquanto Daryl Hall, da dupla Hall And Oates, encerra com "It's true we'll make a better day / Just you and me".

Michael Jackson resolveu aparecer mais uma vez, agora com óculos escuros do tipo mosca, e tomou para si o início da terceira estrofe, "When you're down and out / There seems no hope at all". Huey Lewis, do Huey Lewis And The News, famosos pela música "The Power Of Love" da trilha sonora do filme De Volta Para o Futuro faz seu trabalho em "But if you just believe / There's no way we can fall". Tapem os ouvidos, pois em seguida temos Cyndi Lauper berrando com sua voz de gralha esganiçada os versos de "Well, well, well, let's realize / That one change can only come". Impressionante que ela não pára quieta, tem que cantar e ainda pulando como um canguru durante sua vez. Ao final, temos Kim Carnes, que consegue a proeza de ser a solista que cantou menos palavras, apenas duas, "When we", já que o restante, "stand together as one" é feito em conjunto com Huey Lewis, enquanto Lauper berra uns yeah yeah atrás.

De volta ao refrão, finalmente vemos todos cantando. A câmera vai passando de um em um e mostrando o povo. O mais curioso é a maneira estranha de Lionel Richie utilizar o seu headphone como se estivesse portando um telefone celular em mãos. Quando chega em "There's a choice we're making / We're saving our own lives / It's true we'll make a better day", fica mais legal, porque mostra uma parte do povo fazendo "aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhh" em coro enquanto os demais continuam seguindo a letra. O bigodudo que parece o Lionel Richie que aparece é o John Oates, que faz parte do Hall And Oates junto com o Daryl Hall, de quem falamos no segundo refrão.

Repete o refrão, para desta vez termos a honra de ter Bob Dylan cantando "There's a choice we're making / We're saving our own lives / It's true we'll make a better day / Just you and me", bem dentro do seu estilo característico de trovador folk (inventei isso agora, nem me pergunte o que eu quis dizer). E lá vamos nós de novo com mais um refrão, agora com uma parte dos participantes cantando a melodia principal e a outra repetindo, antes de termos mais uma amostra do "aaaaaaaaaahhhhhhhhhh". Ao finalzinho, Bob Dylan brada novamente "It's true we'll make a better day / Just you and me".

Mais um refrão, agora com ad-libs de Ray Charles, que ainda fecha sua parte cantando "There's a choice we're making / We're saving our own lives / It's true we'll make a better day / Just you and me", com direito a ainda falar "C'mon, let me hear you now". Os dois refrões seguintes são divididos entre Bruce Springsteen, que continua fazendo uma cara de sofrido que eu não faria se tivesse a grana que ele tem, e o grande Stevie Wonder, que balança como uma foca de circo enquanto canta. Segue mais um refrão com a participação de todo mundo. Em seguida, advinhem, mais um refrão, dividido por James Ingram e Ray Charles.Realmente eu preciso descobrir mais sobre esse James Ingram, não deve ser qualquer um para ter a honra de cantar com Ray Charles. Por fim, refrões e mais refrões, a ponto de dar a impressão que "O Cão Arrependido" é curtíssima.

Abaixo, a lista do pessoal que não sola na música, mas que contribui decisivamente com coros e backing vocals. E nem adianta me perguntar quem é essa gente toda.

Dan Aykroyd
Harry Belafonte
Lindsey Buckingham
Mario Cipollina
Johnny Colla
Sheila E.
Bob Geldof
Bill Gibson
Chris Hayes
Sean Hopper
Jackie Jackson
La Toya Jackson
Marlon Jackson
Randy Jackson
Tito Jackson
Waylon Jennings
Bette Midler
John Oates
Jeffrey Osborne
Anita Pointer
Ruth Pointer
Smokey Robinson