11 de abr. de 2010

Pare o casamento

Finalmente chegou o momento tão esperado. O noivo no altar. A moça, com seu vestido branco (ou seja lá qual outra cor ela tenha escolhido), de braços dados com seu pai, do lado de fora aguardando a música começar para adentrar a igreja (ou seja lá qual outro lugar ela tenha escolhido), para se consagrar o sacramento do matrimônio. Uma cerimônia desta importância, que é para sempre — embora o para sempre deveria ser substituído pelo que seja eterno enquanto dure, já que a duração dos casamentos decai ano após ano, mas isso é outro assunto —, deveria ser uma pequena amostra de como será a futura vida a dois do casal. Nessa hora, as pessoas aparecem com escolhas no mínimo bizarras para a trilha sonora.

Ao invés de se pautarem pelas músicas tradicionais, como as manjadíssimas Marcha Nupcial (Mendelsson) e Jesus Alegria dos Homens (Bach), os noivos querem dar uma inovada ou trazer alguma modernidade e acabam colocando os pés pelas mãos. Portanto, abaixo temos algumas músicas que qualquer pessoa com juízo deveria evitar em seu casamento, se quiser que ele seja para sempre — se for o tal do seja eterno enquanto dure, estão liberadas.

2001 - A Space Odyssey (a trilha inteira) - Nada a ver. Afinal nenhum dos noivos ou convidados estão chegando a bordo de uma nave espacial.

Boa Sorte (Vanessa da Mata) - "É isso mesmo, não tem mais jeito / Acabou, boa sorte" (desnecessário comentar, especialmente se for tocada na saída dos noivos);

Cruisin' (Gwineth Paltrow e Huey Lewis) - Só coloquei porque eu acho muito chata.

Easy (Comodores) - Quem colocar essa música já começa a vida conjugal errado. Lionel Richie canta sobre um cara que está caindo fora do relacionamento e que está bastante tranqüilo com isso. Desconfie se seu noivo sugerir esta;

Lady In Red (Chris de Burgh) - Por motivos óbvios, somente se a noiva entrar de vermelho. Evite que seja tocada se aquela madrinha com quem você estiver tendo um caso for utilizar um vestido vermelho também.

My Heart Will Go On (Celine Dion) - Uma música que fala do amado que morreu e que está na trilha sonora de um filme que fala de um barco que afunda. Já para o bote salva-vidas!

November Rain (Guns 'N Roses) - Acerte na mosca com essa aqui, que fala que "nada dura para sempre, e que nós dois sabemos que os corações podem mudar". Sem contar uma noiva suicida que morre de chuva.

Por Você (Barão Vermelho) - "Desejaria todo dia a mesma mulher", como diz a letra, é o mínimo que se espera. Mas e a parte do "eu teria mais herdeiros que um coelho"? Deveria ter um complemento pra mulher do tipo "Vou parir como uma porca". Coitada!

Tente Outra Vez (Raul Seixas) - indicada a partir do segundo casamento;

The Time Of Your Life (de Dirty Dancin') - Esquece! Deixa pra festa. Você não vai entrar dançando e rebolando ao som dela igual ao Patrick Swayze.

Se alguma coisa sair errada, não se desespere e utilize essa música:

Pare o Casamento (Wanderléia) - Afinal, se um casamento começa com alguma das músicas acima, é prova de que não tem futuro e de que os noivos não têm juízo! Como dizem no Pica-Pau, de volta ao planejamento.

16 de set. de 2009

We are the world - Os melhores e piores

Os melhores

5-) Paul Simon

Apesar de não desgrudar da partitura na hora de fazer o seu solo (ainda tenho a impressão de que ele deve ter esquecido como era a parte dele), a participação do Paul Simon é uma das que eu acho mais legais. Cantando de maneira bem mansinha o verso, "Oh, and it's time to lend a hand to life", ele merece o quinto lugar.

4-) Dionne Warwick

Não conhece Dionne Warwick? Para a sua informação, trata-se de uma das maiores cantoras americanas do século XX, tendo emplacado nada menos que 56 músicas nas paradas americanas durante sua carreira. Olha só com que classe ela manda ver na sua parte em "We Are The World"!

3-) Bob Dylan

Bob Dylan, considerado um dos maiores letristas do rock de todos os tempos, autor de clássicos imortais do gênero como "Blowin' In The Wind", "Like A Rolling Stone" e "Times They Are A-Changin'" ganha um lugar de relativo destaque na música ao cantar, ou melhor, praticamente recitar, com sua voz característica, os versos de "There's a choice we're making / We're saving our own lives / It's true we'll make a better day / Just you and me" numa das muitas repetições do refrão.

2-) James Ingram

Como assim? Esse cara vem sei lá de onde, ganha um trecho maior do que o do Billy Joel, que é muito mais famoso e vendeu muito mais cópias do que o ele, canta barbaramente a parte que lhe cabe e ainda tem a honra de fazer os ab-libs do refrão com ninguém menos que o grande Ray Charles? Realmente preciso conhecer mais desse James Ingram...

1-) Al Jarreau

Primeiríssimo lugar para esse cidadão, que canta o verso "And so we all must lend a helping hand". Al Jarreau não só faz a sua interpretação com a categoria que lhe é tradicional, conforme pode ser conferido em toda a sua discografia, como também confere elegância e salva uma estrofe cantada de maneira bisonha pelo Willie Nelson.

Os piores

5-) Kenny Rogers
Nada contra Kenny Rogers, só o coloquei aqui por causa das caretas que ele faz enquanto canta a sua parte. No quesito vocal, acrescentou bastante.



4-) Kim Carnes


Outra que eu também acho uma pena ter que estar aqui, já que eu gosto do desempenho dela na música. Mas não tem como falar bem da Kim Carnes (é a loira à direita, quase sumindo da foto) depois dela ter merecido apenas duas palavras para o solo.

3-) Cyndi Lauper


Aqui não tem jeito, a coisa desanda mesmo. Se Kenny Rogers ou Kim Carnes foram mencionados por causa de trejeitos alheios à parte vocal, com Cyndi Lauper a coisa é mais embaixo. Sua (in) capacidade de cantar com aquela vozinha esganiçada irritante não ajudam, bem como seu penteado colorido esquisito e cara de pato. Ainda bem que Huey Lewis e Kim Carnes, que estavam do lado, tinham fones de ouvido.

2-) Willie Nelson

Mesmo sendo uma lenda do country, a participação do Willie Nelson merece destaque entre os piores. Ele simplesmente cerra os dentes quando é a sua vez de cantar, ao melhor estilo Hebe Camargo — só faltou ele gritar "Gracinha!" no meio da música — e daí eu não entendo nada, simplesmente nada, do que ele diz.

1-) Bruce Springsteen

Ai, meu coração! Como é doloroso falar isso do Bruce Springsteen, meu artista favorito juntamente com o Queen. Mas não tem jeito. A Cyndi Lauper cantou bem pior que o povo que eu coloquei aqui, mas a cara de sofrido que ele faz beira o ridículo. Sem contar que Mr. Springsteen berra como se estivesse sendo examinado por uma junta médica da Associação Nacional dos Proctologistas dos Estados Unidos.

E vamos cantar (sem caretas!)... "We are the world... we are the children..."

14 de set. de 2009

We are the world!



Quem nunca ouviu a música "We Are The World", que, a exemplo do não menos clássico poema "O Cão Arrependido" imortalizado pelo Chaves (o quê? Não conhece essa também? Afinal, em que mundo você vive?) tem seu refrão repetido 45 vezes (ou aproximadamente isso). Trata-se simplesmente de uma performance memorável de alguns dos maiores artistas dos EUA nos anos 80 capitaneados por ninguém menos que o finado Michael Jackson, apesar de uma significativa parcela da população brasileira lembrar dela devido às interpretações de gosto duvidoso feitas pela Sol em um dos programas do Big Brother, além das letras cantadas num inglês que deixaria até mesmo o Seu Creysson encabulado.

Porém, e isso pode ser chocante para a maioria, a idéia inicial para um evento desse porte não veio da cabeça de Michael Jackson nem de seu produtor Quincy Jones nem da maioria daqueles caras que você vê no videoclipe da música, mas do cantor americano Harry Belafonte. Não precisa fazer cara de interrogação, nem eu sabia quem era esse cara antes de consultar o bom e velho Google e não acrescentou nada à minha vida ter descoberto. Apenas para não dizer que eu não estou informando como deveria (se é que eu tenho essa obrigação), Harry Belafonte é conhecido nos Estados Unidos como o rei do calypso — nada a ver com Joelma e Chimbinha — por ter ajudado a popularizar esse estilo musical na década de 50 e teve "The Banana Boat Song" como o grande hit da sua carreira. Além de artista, Belafonte destacou-se também como ativista dos direitos civis e causas humanitárias. Recentemente, juntou-se a um coro de bilhões de insatisfeitos para protestar contra as políticas da administração de George W. Bush.

Foi justamente por causa desse seu lado mais engajado que Belafonte que nasceu o embrião do que seria o United Support Of Artists For Africa — também conhecido como USA For Africa —, que deveria levantar fundos para alimentar todas as pessoas necessitadas da África. Na cabeça do fundador, ainda deveria sobrar dinheiro e alimentos para ajudar os famintos dos próprios Estados Unidos. Para atingir seu objetivo, a princípio Belafonte cogitou fazer um concerto beneficente com músicos negros para angariar recursos, mas em seguida o projeto mudou para algo próximo de um Band Aid com músicos americanos. (Não sabe o que é o Band Aid? Insisto, de que mundo você veio? Onde você estava nos anos 80?). Por isso, foi contatado o empresário musical Ken Kraiger, que tinha entre seus clientes grandes nomes da época como Lionel Richie, que imediatamente topou participar.

Em seguida, foi recrutado ninguém menos que Stevie Wonder para ajudar. Ficou acertado também que Quincy Jones, que havia acabado de produzir o multi-platinado álbum Thriller, de Michael Jackson, seria o co-produtor do negócio. Aliás, Lionel Richie telefonou para Michael Jackson, que havia acabado de encerrar uma turnê com seus irmãos, para convidá-lo para participar do projeto. Michael, que como hoje sabemos, tinha um grande apelo por ajudar criancinhas (entendam como quiserem), topou na hora, mas avisou que queria estar no grupo que iria compor a música também. Assim, a princípio a composição ficaria a cargo de Stevie Wonder, Lionel Richie e Michael Jackson. Como Stevie Wonder quase nunca estava disponível, a tarefa de criar (mais) um hino para ajudar pobres na África caberia a Lionel Richie e Michael Jackson.

Com uma dupla de compositores prolíficos formada por Lionel Richie, que havia composto várias músicas que atingiram o primeiro lugar nas paradas americanas nos sete anos anteriores, no mínimo uma por ano, e Michael Jackson, que havia lançado nada menos que o já mencionado Thriller e era o artista mais quente do momento, a música ficou pronta rapidamente, muito por causa do esforço de Michael, que queria vê-la pronta rapidamente. Finalmente, tendo a música pronta, foram mandadas cópias do instrumental e da letra para os artistas interessados.

O resultado? Três Grammy Awards, um American Music Award e um People's Choice Award, além de um single que até a data de hoje vendeu nada menos que 20 milhões de cópias, arrecadando 63 milhões de dólares para os famintos na Áfria e nos Estados Unidos. Mas vamos ao que interessa, vamos apresentar todos os artistas que participaram desse projeto utilizando o videoclip da música. A intenção é apresentar primeiramente os solistas conforme eles forem cantando as suas partes na música. Bem, na verdade, vou apresentar apenas os solistas. Não pretendo gastar o precioso espaço deste blog com artistas que ficaram só fazendo um monte de "ôôô" e "aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhh!" em coro.



No começo do clipe atentem para a capa branca totalmente brega com a assinatura de todos os envolvidos no projeto. Quem tem a honra de cantar o primeiro verso da música é Lionel Richie, que, como um dos compositores, deve ter escolhido para si o verso "There comes a time when we need a certain call". O seguinte, "When the world must come together as one", é também cantado por ele, dessa vez em conjunto com Stevie Wonder, que emenda sozinho o terceiro, "There are people dying". O baixinho Paul Simon, ex-Simon And Garfunkel, com uma partitura em mãos (será que ele não decorou a tempo para gravar?) segue com "Oh, and it's time to lend a hand to life" e fecha sua participação solo junto com Kenny Rogers em "The greatest gift of all".

Com uma careta esquisita após cantar com Simon, Kenny Rogers faz a sua parte em "We can't go on pretending day by day". "That someone, somehow will soon make a change", vem na seqüência cantado pelo desconhecido James Ingram (alguém conhece? Eu nunca ouvi falar! E ai de quem me falar coisas do tipo "De que mundo você veio?"). Tina Turner faz o seu trabalho no verso "We're all a part of God's great big family", sobrando para Billy Joel apenas três palavras ("And the truth") para o solo dele. Como pode um desconhecido como James Ingram cantar um verso maior do que um cara consagrado como Billy Joel? Lamentável! Tem coisas que só aconteciam nos anos 80. A estrofe fecha com Billy Joel cantando "you know love is all we need" com Tina.

Agora temos o esperto da turma. Como co-compositor, Michael Jackson reservou para si mesmo nada menos que o refrão inteiro. Sendo um bom amigo, dividiu uma parte do mesmo com Diana Ross. Totalmente estiloso, Michael é o único dentre todos os participantes deste vídeo, ao menos dentre os quais eu reparei, que foi filmado por inteiro, dos pés à cabeça. Bem, nada mais justo, considerando que ele era o de maior sucesso dentre todos os artistas reunidos. Ele canta "We are the world, we are the children / We are the ones who make a brighter day / so let's start giving", sua amiga Diana Ross segue em "There's a choice we're making / We're saving our own lives" e ambos fecham em duo com "It's true we'll make a better day / Just you and me". Ao final do refrão Diana Ross faz um sinalzinho com o dedo, será que ela estava apontando para Michael?

A segunda estrofe é aberta por Dionne Warwick, "Well, send'em you your heart / So they know that someone cares", enquanto "And their lives will be stronger and free" é feita em conjunto com Willie Nelson, que sem a sua bandana, não tem tanta graça assim no video. Além disso, ele canta "As God has shown us / By turning stone to bread" de um jeito engraçado, com os dentes cerrados como se estivesse tentando imitar a Hebe Camargo falando "Grachinha!". De qualquer forma, Al Jarreau "And so we all must lend a helping hand" fecha a estrofe em grande estilo. Reparem na elegância do vocal do cara. Simplesmente fantástico!

Vamos ao refrão novamente. Ao contrário do primeiro, monopolizado por Michael Jackson e Diana Ross, agora temos mais artistas revezando-se para cantá-lo, a começar por Bruce Springsteen, "The Boss", o meu favorito dentre todos os participantes. Está certo que ele faz uma cara de sofrimento digna do Cuca para cantar "We are the world, we are the children", mas está perdoado. Kenny "Footloose" Loggins prossegue com "We are the ones who make a brighter day / so let's start giving". Steve Perry, vocalista do Journey com aparência de Xororó inclusive no penteado, empresta sua voz poderosa ao verso "There's a choice we're making / We're saving our own lives", enquanto Daryl Hall, da dupla Hall And Oates, encerra com "It's true we'll make a better day / Just you and me".

Michael Jackson resolveu aparecer mais uma vez, agora com óculos escuros do tipo mosca, e tomou para si o início da terceira estrofe, "When you're down and out / There seems no hope at all". Huey Lewis, do Huey Lewis And The News, famosos pela música "The Power Of Love" da trilha sonora do filme De Volta Para o Futuro faz seu trabalho em "But if you just believe / There's no way we can fall". Tapem os ouvidos, pois em seguida temos Cyndi Lauper berrando com sua voz de gralha esganiçada os versos de "Well, well, well, let's realize / That one change can only come". Impressionante que ela não pára quieta, tem que cantar e ainda pulando como um canguru durante sua vez. Ao final, temos Kim Carnes, que consegue a proeza de ser a solista que cantou menos palavras, apenas duas, "When we", já que o restante, "stand together as one" é feito em conjunto com Huey Lewis, enquanto Lauper berra uns yeah yeah atrás.

De volta ao refrão, finalmente vemos todos cantando. A câmera vai passando de um em um e mostrando o povo. O mais curioso é a maneira estranha de Lionel Richie utilizar o seu headphone como se estivesse portando um telefone celular em mãos. Quando chega em "There's a choice we're making / We're saving our own lives / It's true we'll make a better day", fica mais legal, porque mostra uma parte do povo fazendo "aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhh" em coro enquanto os demais continuam seguindo a letra. O bigodudo que parece o Lionel Richie que aparece é o John Oates, que faz parte do Hall And Oates junto com o Daryl Hall, de quem falamos no segundo refrão.

Repete o refrão, para desta vez termos a honra de ter Bob Dylan cantando "There's a choice we're making / We're saving our own lives / It's true we'll make a better day / Just you and me", bem dentro do seu estilo característico de trovador folk (inventei isso agora, nem me pergunte o que eu quis dizer). E lá vamos nós de novo com mais um refrão, agora com uma parte dos participantes cantando a melodia principal e a outra repetindo, antes de termos mais uma amostra do "aaaaaaaaaahhhhhhhhhh". Ao finalzinho, Bob Dylan brada novamente "It's true we'll make a better day / Just you and me".

Mais um refrão, agora com ad-libs de Ray Charles, que ainda fecha sua parte cantando "There's a choice we're making / We're saving our own lives / It's true we'll make a better day / Just you and me", com direito a ainda falar "C'mon, let me hear you now". Os dois refrões seguintes são divididos entre Bruce Springsteen, que continua fazendo uma cara de sofrido que eu não faria se tivesse a grana que ele tem, e o grande Stevie Wonder, que balança como uma foca de circo enquanto canta. Segue mais um refrão com a participação de todo mundo. Em seguida, advinhem, mais um refrão, dividido por James Ingram e Ray Charles.Realmente eu preciso descobrir mais sobre esse James Ingram, não deve ser qualquer um para ter a honra de cantar com Ray Charles. Por fim, refrões e mais refrões, a ponto de dar a impressão que "O Cão Arrependido" é curtíssima.

Abaixo, a lista do pessoal que não sola na música, mas que contribui decisivamente com coros e backing vocals. E nem adianta me perguntar quem é essa gente toda.

Dan Aykroyd
Harry Belafonte
Lindsey Buckingham
Mario Cipollina
Johnny Colla
Sheila E.
Bob Geldof
Bill Gibson
Chris Hayes
Sean Hopper
Jackie Jackson
La Toya Jackson
Marlon Jackson
Randy Jackson
Tito Jackson
Waylon Jennings
Bette Midler
John Oates
Jeffrey Osborne
Anita Pointer
Ruth Pointer
Smokey Robinson

29 de ago. de 2009

Com a palavra, Rogério Ceni

Fato 1: a Portuguesa entra em campo no gramado do Canindé contra o Vila Nova para tentar reverter o fardo de ter sofrido quatro derrotas nos últimos cindo jogos. Ocupando uma posição intermediária na tabela, que também podemos chamar de limbo, já que não dá direito nem à sonhada classificação para o retorno à elite do futebol brasileiro tampouco representa risco de rebaixamento, o time tinha a obrigação de vencer, pois estava jogando em casa diante de sua (quase nula) torcida.

Fato 2: o Vila Nova mostrou que não estava para brincadeira e engrossou pra cima da Portuguesa, ganhando a partida pelo placar de 2 a 1, conseguindo fora de casa um resultado de extrema importância.

Fato 3: O time da Portuguesa sai de campo derrotado sob os gritos de "timinho" vindos de sua torcida (achei que os torcedores da Lusa já estivessem mais que acostumados em verem seu time perder).

Fato 4: O então técnico da Portuguesa, René Simões, revela em entrevista coletiva que um conselheiro do time, Antônio José Vaz Pinto, conhecido como Toninho da Divena, invade (ou pelo menos entra com conivência de quem deveria impedir seu acesso) o vestiário do clube acompanhado de dois seguranças armados para intimidar os jogadores. A Portuguesa mostra que não é um clube de verdade, já que isso é coisa de time de várzea. Na mesma entrevista, René Simões denunciou que os atletas da Portuguesa recebem telefonemas anônimos com ameaças contra sua integridade física e de seus familiares.

Fato 5: Transtornados com o incidente, alguns jogadores, como o meia Edno, declararam não ter mais condições de continuar com o time (ou seja, se a Portuguesa achava que tinha alguma chance, agora ela foi por água abaixo).

Diante desses fatos, encontrei uma única pessoa que se manifestou de maneira lúcida em relação a esse lamentável episódio: o goleiro do Bambi Futebol Clube (também conhecido por alguns como São Paulo), Rogério Ceni. Em uma entrevista coletiva, ele condenou corajosamente a covarde tentativa de intimidação aos jogadores da Lusa, bem como reiterou a já conhecida e não menos lamentável inversão de valores na sociedade, que se mobiliza para bater em jogadores de futebol que estão fazendo seu trabalho e demonstra inércia e apatia diante de todos os escândalos envolvendo políticos.

Transcrevo aqui as palavras dele, retirada de uma matéria do site Gazeta Press sobre o ocorrido: "Isso é lamentável. Não sei porque essas pessoas não vão ao Senado protestar contra a política brasileira. Reúne todo mundo lá na frente do Palácio do Planalto. Futebol envolve paixão, mas é entretenimento. Isso foi um absurdo. Há uma inversão de valores inaceitável na sociedade. Os brasileiros não se revoltam com coisas que acontecem com dinheiro do bolso deles. Agora, quando o time perde em casa, ameaçam os jogadores. Que crime o jogador cometeu? Apenas não ganhou um jogo. Se tivéssemos a mesma bravura para combater político corrupto, teríamos um país melhor."

Para quem se interessar, temos o vídeo abaixo:

http://esporte.uol.com.br/ultimas/multi/2009/08/27/04023070C4911366.jhtm

Num país tão carente de pessoas públicas que se manifestem de maneira contundente em relação aos acontecimentos lamentáveis que permeiam nossa classe política, as palavras do goleiro do São Paulo são muito bem-vindas. Se outros jogadores tivessem a mesma coragem de condenarem publicamente acontecimentos desse gênero, quem sabe poderíamos ter nossas esperanças aumentadas.

Parabéns, Rogério Ceni! É assim que se faz! Mas eu ainda digo que seu time é um time de boiolas! Bambi!

16 de mai. de 2009

EU ASSISTI AO QUEEN + PAUL RODGERS

Essa não é uma postagem qualquer. É um manifesto de uma das maiores experiências da minha vida, por isso é pouco objetiva e narrativa e mais confessional! Ela fala de algo que aconteceu no ano passado, mas que vai ficar gravada em minha memória até o fim da minha vida (ou até que eu tenha alguma doença que degenere a memória).

Inexistem palavras para dizer o que foi aquilo que aconteceu no Via Funchal nos dias 26 e 27 de novembro. Simplesmente foi mágico poder assistir à minha banda favorita de todos os tempos tocar alguns dos maiores clássicos da história do rock. Está certo, não é a formação clássica do Queen, pois estavam presentes "apenas" Brian May e Roger Taylor para levarem o nome da banda à frente. O eterno vocalista do Queen, Mr. Freddie Mercury, padeceu vítima da AIDS em 1991 e o meu baixista favorito, John Deacon, que inclusive me inspirou a aprender a tocar baixo, está aposentado da música. Como eu comecei a gostar do Queen justamente após a banda ter encerrado suas atividades pela morte de Freddie, estava conformado que jamais teria a chance de vê-los em ação. Por sorte houve interesse de May e Taylor em reviver aqueles momentos e para isso convidaram Paul Rodgers, nada menos que o ex-vocalista do Free e do Bad Company e uma das grandes vozes da história do rock. Minha reação ao saber que eles tocariam em São Paulo foi indescritível... só sei que me levou a pegar uma fila de seis horas para comprar os ingressos. Pelo sim, pelo não, comprei para os dois dias, já que eu queria aproveitar ao máximo essa oportunidade.

O show em si foi espetacular. Brian e Taylor em grande forma em seus instrumentos, enquanto Rodgers fazia excelente trabalho com os vocais. Vários clássicos estavam lá: Hammer To Fall, Another One Bites The Dust, I Want It All, We Will Rock You, We Are The Champions, '39, entre várias outras. Melhores momentos? Não sei dizer, porque todos foram especiais. Talvez Brian May emocionado ao ouvir o povo cantando Love Of My Life. Paul Rodgers cantando a clássica Seagull, do Bad Company, ao violão. Todo mundo cantando '39 junto com a banda. Roger Taylor batucando algumas intros do Queen no baixo de Danny Miranda. Say It's Not True, cantada pelos três. Ou a justa homenagem a Freddie no telão enquanto Brian tocava Bijou. Pode ser também as pessoas chorando emocionadas durante o dueto entre Paul Rodgers e Freddie Mercury em Bohemian Rhapsody. Não sei... só posso dizer que foi um dos momentos mais marcantes desta minha insignificante vida.

Ao final, só posso dizer obrigado a Brian May, Roger Taylor e Paul Rodgers, que proporcionaram essa magnífica experiência! Longa vida ao Queen, a maior banda de todos os tempos!
GOD SAVE THE QUEEN

12 de abr. de 2009

Iron Maiden - A odisséia


Agora vou relatar o esforço épico que foi empreendido para assistir ao show do Iron Maiden na turnê Somewhere Back In Time Tour aqui em São Paulo. Acredito que a aventura não deixa a dever em nada para empreitadas heróicas e lendárias como descritas em livros como Ilíada, A Odisséia e mesmo as Lusíadas.


Prólogo - A chuva

Não obstante inventarem um show num lugar muito, mas muito longe de tudo o que conhecemos como civilização aqui em São Paulo - o autódromo de Interlagos -, ainda tiveram a idéia brilhante de organizá-lo em um domingo, sendo que no dia seguinte a maior parte do povo teria que estar cedo no trabalho para pegar no batente. Ponto negativo para a organização.

Bem, eu estava me preparando para sair por volta de 16 horas da tarde (o show estava marcado para começar às 20 horas), pois achei que daria tempo de pegar o trem e ainda assistir à atração que faria a abertura, o Shadowside. Para minha (in) felicidade, começou a cair uma chuva monstruosa sobre a cidade. Naturalmente que eu não ia sair na chuva, portanto tive que esperá-la passar ou, ao menos, diminuir. Ainda bem que não choveu por muito tempo. Porém, o temporal obrigou-me a rever meu equipamento, e levei uma mochila com guarda-chuva, capa de chuva e outras coisinhas básicas.

Parte 01 - A ida

Para quem mora na Zona Leste de São Paulo, chegar ao Autódromo de Interlagos, no extremo sul da cidade, é um verdadeiro parto. É necessário valer-se de todos os meios de transporte públicos disponíveis.

O primeiro passo era chegar ao metrô, e para isso era necessário tomar um ônibus. Essa foi a parte mais fácil da epopéia. Aqui perto de casa passam vários ônibus rumo às estações Belém, Tatuapé ou Carrão. Era só pegar o primeiro que passasse no ponto. Batata! Minha chegada ao ponto coincidiu com a do ônibus. Não tive nenhum problema nesse sentido. Após uns 20 minutos, aproximadamente, lá estava eu na Estação Tatuapé.

Estando no Tatuapé, a próxima etapa era relativamente tranqüila também. Bastava pegar o metrô até o final da linha Vermelha, que liga a Zona Leste a algum pedaço da Zona Oeste de São Paulo. A melhor parte é que não precisaria fazer baldeações nem coisas do gênero. Uma reta só! Logo, meu único trabalho foi me sentar e aguardar chegar ao destino final. Na Barra Funda, como ninguém é de ferro, aproveitei pra comer alguma coisinha.

Agora começava o desafio. Pegar o temido trem, que tanto espreme os paulistanos e habitantes dos arredores durante a semana. Nesse caso eu não teria como escapar da baldeação. Aí as coisas começaram a não ir tão bem. Eu estava descendo as escadas para pegar o trem que ia rumo a Itapevi e tive tempo de ver o trem partindo... ah, se eu tivesse deixado pra comer depois. Aproximadamente uns 15 minutos depois (o site da Companhia de Trens Metropolitanos diz que a espera em fim de semana nesse horário não passa de 10 minutos), chegou o trem seguinte. O bom de ser um fim-de-semana é que o trem seria menos lotado. Mas, por todos os céus, como é lerdo! Acho que se eu fosse de bicicleta paralelo à linha do trem teria chegado bem mais rápido.

Enfim, descendo na estação Presidente Altino da linha Diamante da CPTM - as linhas de trem aqui em São Paulo tem todas nomes de pedras preciosas, embora eu não saiba exatamente o porquê -, posicionei-me na outra plataforma para pegar a linha Esmeralda. Apesar de ser uma linha com mais carros modernos, eu não gosto dela porque o interior dos vagões é muito frio. Qual é a necessidade de colocar o ar-condicionado no módulo polar? E lá fui eu junto com o trem. O legal dessa linha é que boa parte dela desse praticamente paralela à Marginal Pinheiros. A parte ruim (muito ruim, por sinal) é que são nada menos que 14 estações até o Autódromo de Interlagos, naquela velocidade de trem de ferrorama.

A cada estação que passava, entravam mais e mais pessoas com camisetas do Iron Maiden. O bacana é que havia pessoas de todas as idades. Tinha gente com algumas camisetas desbotadas dos primeiros anos do Iron Maiden, ao passo que também via-se crianças vestindo as mais recentes, que promoviam justamente a Somewhere Back In Time Tour. Quem disse que o heavy metal não pode ser um programa de família?

Afinal, após 14 estações, desci na estação Autódromo da CPTM. Agora, o problema seria chegar no Autódromo propriamente dito, já que o mesmo, por algum motivo desconhecido, não é exatamente tão perto assim da estação à qual dá o nome.

Parte 2 - O local

Após dar umas voltas meio perdido e peguntar aqui e acolá sobre a localização, cheguei com relativa facilidade ao Autódromo de Interlagos. Eu subi uma rua que eu nem imagino como se chama que saiu de frente para o dito-cujo. Aliás, desde lá do começo da rua dava para ver as várias luzinhas vermelhas das viaturas policia is que certamente estavam providenciando a segurança da grande multidão ali presente.

Quando eu cheguei mais perto, descobri que a multidão era maior do que eu imaginava. A fila ao redor do autódromo se estendia para muito além do alcance dos meus olhos, tanto ao lado direito quanto para lado esquerdo. Como não havia lugar para pedir informações, escolhi aleatoriamente o lado direito e comecei a buscar o final da fila. Daí, andei, andei, contornei um quarteirão, dois quarteirões, e nada de ver o final da fila. Acho que andei uns 10 minutos e o fim da fila parecia simplesmente não existir.

Porém, nesse momento lembrei que estava com um ingresso para a pista premium na mão e raciocinei do seguinte modo: "Bem, talvez exista alguma entrada exclusiva para que tem esse ingresso". E lá fui eu na direção contrária, em direção à entrada do autódromo. Se eu estivesse errado e fosse uma fila única estaria ferrado, já que teria que voltar novamente e procurar o lendário final da fila. Acho que andei uns vinte minutos até encontrar a entrada do autódromo. Daí eu entendi o motivo de haver uma fila tão grande. A organização, do evento do alto de. uma competência absurda, disponibilizou apenas UM portão de entrada para um público estimado em pelo menos 60 mil pessoas. Para minha sorte, havia uma entrada reservada para a pista VIP. Ufa!

Ok! Atravessei o famigerado portão de acesso, depois passei pela rotineira verificação por parte dos seguranças do local e comecei a descer pela pista do autódromo. E andei bastante até um ponto em que o asfalto bifurcava em duas passagens, uma para a pista normal e outra em direção à pista premium, para a qual me dirigi. Depois, andando mais ainda, pelo menos uns cinco minutos. Haviam pessoas que, à revelia dos seguranças, encostavam nas limitações do caminho para fazer suas necessidades fisiológicas. Os seguranças gritavam "Ei! Tem banheiro lá na frente!", mas ninguém dava atenção.

Ao final, cheguei na famosa pista premium. Quando achei que finalmente os problemas haviam ficado para trás, percebi que estava em um pântano. O local destinado ao público era o terrão do autódromo, e com a chuva que eu mencionei no início da narrativa transformou-se em um lamaçal gigantesco. Eu arranjei um lugar e tentei permanecer parado o máximo possível. Eu não conseguia nem pular de tanto que meus pés estavam afundados na lama. Quando eu achei que não poderia me sujar mais, o pessoal passava de lá para cá pisando no meu pé. Afinal, por que as pessoas não conseguem ficar num lugar fixo em um show?

Parte 3 - A espera

A primeira coisa que eu descobri é que a espera seria mais longa do que imaginava. Primeiro, não haveria show do Shadowside. Com a chuva, todos os preparativos para o Maiden foram atrasados, de forma que não haveria tempo hábil para que houvesse uma atração de abertura. Só porque eu estava entusiasmado para assistir ao Shadowside.

Segundo, o show do próprio Iron Maiden iria atrasar. Não obstante todos os preparativos ainda estivessem sendo efetuados, o empresário da banda, Rod Smallwood, declarou que os integrantes decidiram retardar em pelo menos uma hora o início do show para que as (muitas) pessoas que aguardavam do lado de fora pudessem entrar. Pessoalmente nada contra, achei até muito bacana da parte deles. Seria injusto começar o show havendo tantos fãs que pagaram ingressos bem caros do lado de fora. Ponto para a banda.

63 mil pessoas segundo a (des) organização do evento
(Fonte: Whiplash)

Para compensar a espera haviam selecionado bastante músicas divertidas para tocarem nos PAs: "Highway Star", do Deep Purple, "Ace Of Spades", do Mötorhead, e "Another Thing Comin'", do Judas Priest. O interessante foi ver todo mundo aclamando a música "Doctor, Doctor" do UFO. A maioria achou que seria a entrada do Maiden no palco. Como começaram a gritar mesmo, o jeito foi continuar. É gratificante saber que ainda tem fãs de metal que sabem que o UFO existe.

Parte 4 - Scream For Me, São Paulo!

Às 21 horas em ponto (ou próximo disso), as luzes se apagam para que fosse projetado no telão as imagens de um documentário sobre a banda. Os telões tinham alguns riscos estranhos em determinadas partes, já que aparentemente foram um pouco danificados pela chuva. A seguir, a imagem foi trocada pelo discurso de Churchill proferido na Segunda Guerra Mundial. Pronto! Estava tudo preparado para a entrada da banda.

Bruce Dickinson comandando a festa
(Fonte: UOL)


E o Iron Maiden aportou com tudo no palco mandando ver com "Aces High". Bombástica, como sempre. O nanico Bruce Dickinson, com um gorrinho que o fazia parecer um duende, correndo para todos os lados como um retardado, teve a experiência de ver seus vocais serem encobertos pela cantoria do público presente. A sucessão de clássicos seguiu com "Wrathchild" e "2 Minutes To Midnight"

Todo o espetáculo ao vivo de um show do Maiden
(Fonte: Whiplash)

Finalmente Bruce Dickinson começou a falar com a platéia. Perguntou o motivo da "fucking rain" ter caído em São Paulo justamente no verão, pediu desculpas pelo atraso do show e agradeceu a presença de um público que, segundo o vocalista, seria o maior da história do Iron Maiden (sem considerar festivais, claro). Ele também saudou o pessoal que tinha se acomodado em um morrinho à esquerda do palco (direita da banda).

Um show de luzes e fogos
(Fonte: Sei lá)

Após o falatório, "Children Of The Damned" foi apresentada ao público como uma música não tocada há muito tempo. Adrian Smith mostrou do que é feito um bom guitarrista e detonou ao lado de Bruce Dickinson. De tempos em tempos, no meio das músicas, Bruce entoava sua clássica frase "Scream For Me, São Paulo", onde era prontamente atendido.

A chefia Steve Harris, um dos grandes nomes do heavy metal
(Fonte: Iron Maiden Brasil)


A seguir, outro clássico eterno do Maiden, "Phantom Of The Opera", do primeiro disco dos caras, com Adrian e Dave Murray fazendo aquela dobradinha de melodias nas guitarras e o chefão Steve Harris conduzindo as linhas de baixo.

The Trooper
(Fonte: Iron Maiden Brasil)


Muda o pano de fundo do palco. E eis que lá vem o vocalista Bruce Dickinson em sua tradicional roupa de soldado agitando a bandeira britânica para a execução de "The Trooper".

Bruce agitando a tradicional bandeira britânica
(Fonte: Iron Maiden Brasil)

Em seguida, Bruce solicitou aos presentes para que todos dessem dois passos para trás, para não esmagarem as pessoas que estavam próximas da grade do palco. Após o pedido atendido, o Iron Maiden mandou mais um de seus clássicos, "Wasted Years".

Adrian Smith e sua guitarra de dois braços
(Fonte: Iron Maiden Brasil)


A grande surpresa da noite foi a inclusão de "Rime Of The Ancient Mariner". A banda deu conta de interpretá-la em todos os seus quase 15 minutos com perfeição, considerando que trata-se de uma música bastante complexa, com variadas mudanças de andamento. Um de seus pontos altos foi Steve Harris no meio do palco encoberto pela iluminação azul durante o trecho mais progressivo e climático da música. Destaque também para Bruce Dickinson, que durante a parte instrumental fazia uma dança esquisita com uma roupa que fazia lembrar um albatroz ou um bruxo do mar. Pena os fogos de artifícios terem falhado por causa da chuva...

Bruce Dickinson e Steve Harris em "Rime Of The Ancient Mariner"
(Fonte: Iron Maiden Brasil)


Prosseguindo com grandes canções, tivemos nada menos que "Powerslave". O pano de fundo mudou para o tema da World Slavery Tour. Bruce surgiu de trás de piras de fogo que compunham o cenário vestindo uma máscara de sacerdote egípcio (tudo bem, parecia mais um pajé amazônico, mas isso não vem ao caso).

Bruce Dickinson trajado para "Powerslave"
(Fonte: Iron Maiden Brasil)

"Run To The Hills" veio para fazer os headbangers pularem novamente, seguida pela polêmica "Fear Of The Dark". Nos fóruns de discussão sobre a banda, muito se falava que essa música deveria ser cortada do set-list, por não fazer parte do período clássico no qual o repertório do show seria baseado. Ironicamente, porém, acabou sendo a música que mais levantou os presentes em Interlagos. Ninguém resistiu a fazer os seus "ôôô"s. Isso porque ninguém fazia questão dela no shows...

Dave Murray, Steve Harris e Adrian Smith fazendo o paredão sonoro do Maiden
(Fonte: Iron Maiden Brasil)

Para fechar a primeira parte do show, os clássicos "Hallowed Be Thy Name" e "Iron Maiden", está última contando com uma aparição do mascote Eddie em formato múmia, surgindo como uma esfinge ao abrir da parede da bateria. A banda agradeceu ao público e retirou-se do palco.

Guitarristas: Dave Murray e o performático Janick Gers
(Fonte: Iron Maiden Brasil)

Poucos minutos depois, o Iron Maiden retorna em grande estilo, em meio a fogos e tudo o mais para executar a polêmica "The Number Of The Beast". Em seguida, veio "The Evil That Men Do" (minha favorita). Nem preciso comentar que praticamente tive um orgasmo auditivo durante a execução dessa música. Como bônus, tivemos o Eddie em sua versão cyborg do Smoewhere In Time invadindo o palco empunhando uma pistola laser e apontando-a para o público do autódromo.

Eddie surgindo em grande estilo para "The Evil That Men Do"
(Fonte: Iron Maiden Brasil)

A música que infelizmente encerraria essa noite mágica foi "Sanctuary". No meio dela, a banda interrompeu sua execução para a apresentação dos seus integrantes. Steve Harris, um dos maiores nomes em seu instrumento, foi bastante ovacionado pelos presentes. Outro que foi bastante aplaudido foi o baterista Nicko McBrain, a quem a platéia dedicou o coro "Nicko! Nicko!". Para agradecer, ele e Bruce Dickinson fizeram uma dancinha desengonçada e pra lá de engraçada. Encerrada a música, a banda se despede definitivamente.

Parte 05 - Fuga de Interlagos

Ao final do show, o caos. Milhares de pessoas, cansadas e cheias de lama tinham a dura missão de alcançar o portão principal. Para sair era necessário percorrer de volta todo o longo circuito que foi feito alcançar o palco. Por algum motivo inexplicável, todas as saídas se afunilavam em um único portão. Eu ainda sacrifiquei minha visão da despedida da banda para poder ficar mais próximo da saída. Acabou o último acorde, utilizei o método "pernas-pra-que-te-quero" e acelerei até o portão.

As pessoas que ficaram para ver todos os momentos não tiveram a mesma sorte. Soube de pessoas que derrubaram as estruturas montadas pela organização para controlar o fluxo e de alguns mais exaltados que furaram as bexigas que a rádio Kiss FM (uma das patrocinadoras do evento) havia colocado por lá.

Alcançado o portão da saída, corri até o outro lado da avenida, peguei um táxi e fui direto para casa. Outros que demoraram a sair ainda pegaram um trânsito de nada menos que uma hora para sair da região do autódromo. Coitados! Mas se perguntar aos que foram se eles estariam dispostos a passar por todos esses problemas novamente para ver o Maiden, a resposta seria um enfático "SIM!".

11 de mar. de 2009

A Donzela de Ferro vem aí


Atenção, Brasil! Uma das bandas mais importantes da história do heavy metal, o Iron Maiden, está aportando em solo brasileiro para uma série de shows. Aqui em São Paulo, que é o que interessa, o show será dia 15 de março, no longínquo autódromo de Interlagos. Quem quiser saber mais um pouco sobre a história desta lendária banda, é só clicar aqui, porque eu não vou falar nada. Eu vou apenas dizer que ela conta com um dos maiores vocalistas da história do metal, Bruce Dickinson, a fantástica dupla de guitarristas formada por Adrian Smith e Dave Murray, que juntos fazem o diabo com as seis cordas, com muitas dobras em terças, solos e bases insanas (tem também o penetra do Janick Gers tocando guitarra, mas isso não interessa), o grande baterista Nicko McBrain e o dono da birosca, o baixista e ditador Steve Harris, com seu baixo galopante.

A maioria do pessoal só conhece Iron Maiden por causa da música "Fear Of The Dark", que nem é a melhor deles. Por isso, não existe oportunidade mais adequada do que a vinda da banda ao Brasil para que eu preste minha homenagem a essa lenda do heavy metal listando as dez melhores músicas do Iron Maiden.

Antes que venham me xingar, eu lembro que essa lista é extremamente pessoal e baseada única e exclusivamente no meu gosto pessoal. Quem tiver opiniões distintas pode se manifestar (educadamente, já que minha mãe não tem nada a ver com isso, aliás, ela nem conhece Iron Maiden) nos comentários ou postar seu próprio Top 10.

E a todos os que acham que o Iron é uma banda demonista, o que é totalmente infundado, recomendo que busquem ver as traduções das músicas para verificar a inteligência das letras, que abordam vários temas históricos e obras literárias e cinematográficas.

TOP 10 - Iron Maiden

10-) Man On The Edge - Álbum: X-Factor

Podem xingar, mas esta é uma das músicas mais bacanas do Iron Maiden, e não vou falar mal dela só porque não tem os vocais de Bruce Dickinson. Tem tudo o que os fãs gostam: as cavalgadas do baixo, velocidade, peso e um refrão marcante para sair cantando. A letra da música é baseada no filme Um Dia de Fúria (Falling Down em inglês, daí o refrão), com Michael Douglas.

9-) Iron Maiden - Álbum: Iron Maiden

A música que dá nome à banda e que fecha de maneira magistral o álbum de estréia. "Iron Maiden" é um petardo monstruoso dos primórdios da banda, contando com a presença de Dennis Straton nas guitarras e do inesquecível Paul Di'Anno nos vocais. Clássico!

8-) The Trooper - Álbum: Piece Of Mind

Baseado na carga suicida feita pela cavalaria inglesa contra o excército russo na guerra da Criméia, a abertura e a música como um todo tentam recriar o clima de um ataque da cavalaria com o baixo e a bateria caminhando juntas e em perfeita sincronia ao longo de toda a composição.

7-) Children Of The Damned - Álbum: The Number Of The Beast

Com a letra baseada no filme A Profecia, essa música tem aquele estilão clássico do Maiden. Começa com guitarras dedilhadas e bem lenta e soturna, e tem seus momentos acelerados mais para o final. Boatos informam que esta faixa tem grandes chance de ser executada no set-list aqui em Sampa.

6-) Caught Somewhere In Time - Álbum: Somewhere In Time

O álbum Somewhere In Time causou grande polêmica ao ser lançado lá pelos idos de 1986. O porquê eu ainda não sei, já que aqui estão algumas das melhores músicas da banda, como esta que ocupa a sexta posição.

5-) The Duellists - Álbum: Powerslave

Uma música com uma entrada monstro, melodia muito bem distribuída e um refrão monstro. O que mais podemos querer? Clássico absoluto que figura como uma das melhores músicas da banda a nunca serem tocadas em show.

4-) Aces High - Álbum: Powerslave

Aqui está uma das melhores introduções da história do metal, e esta música tem aberto todos os shows da atual turnê do Maiden. Após isso segue uma pancadaria descomunal, culminando em uma das mais pesadas músicas da banda.

3-) Afraid To Shoot Strangers - Álbum: Fear Of The Dark

Fear Of The Dark não é exatamente o melhor álbum da banda, mas essa música é simplesmente sensacional. A guitarra ao fundo é espetacular, assim como o interlúdio que antecede o refrão. Como de costume, fica mais rápida da metade pra frente.

2-) Powerslave - Álbum: Powerslave

Bruce Dickinson, como estudante de história, compôs uma das letras mais fantásticas da história, com uma temática egípcia que entremeia todo o álbum. O riff principal é avassalador e o solo construído por Dave e Adrian é de uma melodia sem par.

1-) The Evil That Man Do - Álbum: Seventh Son Of The Seventh Son

Minha favorita! Aquela música que eu espero ansiosamente que seja executada no show. Nem eu sei por que eu gosto tanto dela, mas mesmo assim é a minha favorita. Deve ser o baixo galopante junto com o estupendo vocal do Bruce Dickinson. Sei lá! Só sei que é a melhor e pronto!

Eis as minhas favoritas aí listadas. Agora é só aguardar a chegada da banda! UP THE IRONS!

14 de fev. de 2009

Opera House

Senhoras e senhores, Celes Chere!


Existe uma facção dentre os jogadores de videogames que apreciam jogos de RPG. E dentro desta facção, são raros os que não manifestam sua predileção pela série de jogos Final Fantasy. Desde os primeiros jogos para o Nintendinho, passando pelo Super Nintendo e chegando aos mais avançados videogames da atualidade, Final Fantasy encantou gerações de jogadores com seus enredos emocionantes que vão além da luta de um grupo de guerreiros contra o mal, repletos de temas que são comuns à maioria dos seres humanos: depressão, busca incessante por poder, o amor entre duas pessoas e muito mais.

E dentre todos os games da série Final Fantasy, existe um certo consenso que Final Fantasy VI é o que melhor sintetiza esses elementos. Com alguns dos personagens e cenas mais inesquecíveis da história do videogame, Final Fantasy VI permanece um marco que ainda não foi igualado por nenhum outro jogo, mesmo nesses tempos de mais tecnologia e maior desenvolvimento em todas as técnicas gráficas.


A maior cena da história dos videogames

Um dia falarei em detalhes sobre este magnífico jogo. Neste post eu quero citar a minha cena favorita deste Final Fantasy VI (que, por sinal, tem uma trilha sonora que também é considerada a melhor da história dos jogos), a cena da Opera House em Jidoor.

Uma das personagens, a general Celes Chere, uma garota de 18 anos que teve seu corpo infundido com magias e que a princípio lutava ao lado do Império de Gesthal, mas, conforme foi tomando consciência das atitudes malignas de seu superior, resolveu abandonar tudo. Sendo encontrada e capturada como traidora, ela é salva por Locke, um ladrão (ou caçador de tesouros, como ele se auto-define), por quem desenvolveria um profundo sentimento.

Em um dos momentos do jogo, Celes deve substituir a cantora de ópera Maria (que não aparece no jogo, apenas é mencionada sua semelhança com Celes), que está sendo ameaçada de ser seqüestrada por Setzer, o dono da única Airship existente no mundo, e que nutre uma paixão pela cantora. Assim, Celes sobe ao palco para interpretar "Aria di Mezzo Carattere", e o faz magnificamente.

"Aria de Mezzo Carattere" foi a primeira música cantada composta para um jogo de Final Fantasy pelo genial Nobuo Uematsu. Para que não sabe, ária é uma canção de uma ópera cantada por mulheres. Segundo meu irmão, que manja de italiano, "mezzo carattere" seria algo como "natureza dividida", mas para ter certeza eu consultei o site Final Fantasy Brasil (afinal, não posso passar informações imprecisas aos leitores). Fazia parte da ópera "The Dream Oath: Maria and Draco".

Trata-se, na verdade, da história de uma mulher chamada Maria, que está sendo forçada a se casar com outro homem, enquanto vive o drama de esperar o amor de sua vida, Draco, que se perdeu na guerra. Celes canta não apenas a história de Maria como seu próprio drama pessoal, de querer lutar pelo seu grande amor e para viver seus sonhos intensamente.

Infelizmente, a tecnologia do videogame da época, o Super Nintendo, não permitia reproduzir uma canção de maneira fiel, de modo que foi utilizado o formato de som SPC 700 (não, ainda não existia MP3), que deixa as músicas com um som semelhante a MIDI. Mesmo assim, o resultado foi surpreendentemente positivo, marcando muitos fãs da série.

A quem se interessar, temos abaixo o tema da ópera cantada em italiano, tirada do projeta Games In Concert, que consistem em apresentar ao vivo músicas de jogos.


Amor mio, caro bene,
Perché vai lontan da me?
Giurasti un amor, che mai non dovea
Ver fine per noi.

Nei momenti di tristezza
Nei momenti di dolor,
A te, mia stella, penso
Con infinito ardore.

Un legame senza speme
P erché mai dovrei aver?
Che cosa tu vuoi ch'io faccia oramai,
Mi devi dire tu.

Ti ringrazio, caro bene,
mor mio, vita mia,
Al grave doler, al buio timor
Che il cuore mi turbò,

Dolcemente, con amore
Hai risposto al mio griddar,
Per sempre ognor, per sempre ognor,
Qui a me, t'attenderò.

8 de fev. de 2009

O dia em que o Picasso sumiu


O Picasso que sumiu

No dia 20 de dezembro de 2008, uma notícia abalou o mundo das expressões de duplo sentido. O MASP foi arrombado (ui!) por ladrões que furtaram duas grandes obras de arte, "O Lavrador de Café", de Cândido Portinari, e "Retrato de Suzanne Bloch", de Picasso. Foi um escândalo! Como assim? Como conseguiram levar o Picasso sem chamar a atenção? Por que o Picasso estava tão à mostra? Por que o MASP não tomou as medidas necessárias para proteger o Picasso? Segundo a polícia, toda a ação para tirar o Picasso levou menos que 3 minutos.

O mais chocante nesse caso é que não foi a primeira tentativa. Já haviam sido feitas outras manobras para pegar o Picasso, mas na hora H os ladrões não conseguiram e fugiram sem ter o Picasso nas mãos. Como é possível que eles tenham chegado tão perto do Picasso assim tantas vezes?

Porém, a história teve um final feliz, já que o Picasso (avaliado em US$ 50 milhões de dólares) foi recuperado pela polícia, com a moldura original intacta. Um dos ladrões tratou de ficar o tempo todo com o Picasso em sua casa, localizada em Ferraz de Vasconcelos, guardado bem no fundo. O Picasso seria vendido por um valor próximo de R$ 5 milhões, muito abaixo do seu real valor. A justiça condenou os acusados a penas variando entre 3 e 9 anos de reclusão.

E você, leitor, acha que foi justo? Manifeste sua opinião em nossos comentários. Qual é a pena que deveria ser aplicada a quem rouba um Picasso? Como você se sentiria se tirassem o seu Picasso? Você compraria um Picasso roubado? Com a palavra, a Justiça.

7 de fev. de 2009

O maior evento da Terra


Os americanos sabem mesmo como realizar um evento de grande porte. E o evento mais esperado por aquelas bandas é o Superbowl, ou seja, a final da NFL, a liga americana de futebol americano, o esporte mais popular daquele país. Para ter uma idéia da grandiosidade, das dez maiores audiências da história da televisão americana, todas são partidas do Superbowl. O intervalo comercial de 30 segundos tem um preço estimado entre 2,5 e 3 milhões de dólares.

No dia 01 de fevereiro aconteceu o Superbowl XLIII (43, para os que faltaram nas aulas de matemática sobre algarismos romanos) na cidade de Tampa Bay. De um lado, o campeão da AFC, o Pittsburgh Steelers, com uma das melhores defesas da NFL, comandado pelo quarterback Ben Roethlisberger (vai ter nome complicado assim lá em Tampa) no ataque. Do outro, um estreante que nunca havia chegado à uma final de Superbowl, o Arizona Cardinals, com seu ataque fulminante composto pelo veterano quarterback Kurt Warner e, talvez, o melhor wide-receiver da NFL, Larry Fitzgerald.

Estádio Raymond James lotado para o Superbowl XLIII
(fonte: Sports Illustrated)

Para nós, brasileiros, também foi um evento histórico, pois, pela primeira vez, a ESPN Brasil enviou uma equipe brasileira para uma cobertura ao vivo in loco, resultado direto do aumento de fãs deste esporte aqui no Brasil. Everaldo Marques (narração), Paulo Antunes (comentários) e André Kfouri (reportagens) simplesmente fizeram uma transmissão excelente. O blog sobre o jogo registrou mais de 12 mil comentários.

A super-equipe da ESPN: André Kfouri,
Everaldo Marques e Paulo Antunes

Mas o Superbowl não é apenas uma final de campeonato, é um espetáculo desde o princípio até o final. Dentre outras coisas, tivemos uma homenagem ao piloto Chesley Sullenberger, que conseguiu pousar um Airbus 320 no rio Hudson em New York, e toda a sua tripulação, salvando assim a vida de todos os 155 passageiros que estavam a bordo nesse vôo. Tivemos também a apresentação da banda marcial, uma tradição dos jogos universitários de futebol americano. e a cantora Faith Hill interpretando "America The Beautiful". E por fim, mostrando o quanto são patrióticos, Jennifer Hudson cantou magistralmente o hino americano (e aqui no Brasil colocam Gal Costa pra cantar... humpf), cujo final teve um vôo da esquadrilha da fumaça sobre o estádio.

Willie Parker corre para o primeiro TD do jogo
(fonte: Sports Illustrated)

A torcida era amplamente favorável ao Pittsburgh, já que a maior parte das arquibancadas era dominada pelas toalhas terríveeis (terrible towels). Até o presidente Barrack Obama apostava numa vitória dos Steelers.

Dito isso, vamos ao jogo. Após a devolução de bola dos Cardinals, os Steelers tiveram a primeira campanha de ataque do jogo. Comandado por Ben Roethlisberger (Big Ben), foram nada menos que quatro first down seguidos para o ataque dos Steelers, que ficaram próximos de um touchdown. O próprio quarterback correu para a end zone do Cardinals para marcar os primeiros seis pontos do jogo, mas o TD foi anulado após um desafio à decisão da arbitragem feito por Ken Wisenhunt, técnico do time de Arizona. Ao final dessa campanha, o Steelers ficou com apenas 3 pontos de um field goal.

Os Cardinals bem que tentaram fazer prevalecer o seu ataque, mas foram parados pela forte defesa dos Steelers, que deixou o ataque em ótima posição para marcar o touchdown, o que aconteceu de fato no início segundo quarto. Variando entre Hines Ward e Santoni Holmes, Big Ben ajudou o time a abrir 10 a 0 contra os Cardinals. A partir daí, parecia que o jogo estava definido.

Anquan Boldin coloca os Cardinals na cara do gol
(fonte: Sports Illustrated)

Eis que o time de Arizona finalmente descobriu que estava jogando um Superbowl e resolveu acordar. Kurt Warner achou Acquain Bold livre parar correr até a linha das 5 jardas, contribuindo para o touchdown que aconteceria no lance seguinte com uma recepção de Ben Patrick. Com um bom momento no jogo, os Cardinals pararam o ataque do Steelers e conseguiram um ótimo retorno de mais de 30 jardas de Steve Breaston.

Ben Patrick recebe para o primeiro touchdown do Arizona
(fonte: Sports Illustrated)

James Harrison, o jogador defensivo do ano, intercepta um passe
de Kurt Warner
(fonte: Sports Illustrated)

Quando já estava batendo na porta da end zone dos Steelers, Kurt Warner teve seu passe interceptado por James Harisson – o Defensive Player Of The Year –, que, em meio a tropeços, correu incríveis 100 jardas (praticamente o campo todo), retornando para touchdown. Isso aconteceu faltando menos de 30 segundos para o final do quarto. Uma das jogadas mais sensacionais de toda a história do Superbowl. Final da primeira metade do jogo. Steelers vencendo por 17 a 7. Seria o fim do sonho dos Cardinals?

A fantástica corrida de Harrison para o touchdown no final do
segundo quarto
(fonte: Sports Illustrated)

Segundo a tradição, sempre tem um show de grande porte no intervalo do Superbowl. O escolhido para esse ano não poderia ter sido melhor: Bruce Springsteen (aqui no Brasil sem dúvida iam chamar Babado Novo, argh!), também conhecido como The Boss, um dos artistas mais queridos pelo público norte-americano (um dos meus favoritos também), acompanhado pela lendária E-Street Band. Antes do jogo especulava-se qual seriam as quatro músicas que ele tocaria, uma vez que, por contrato, elas não poderiam ser divulgadas antecipadamente. Foram divulgados quatro listas diferentes de repertório para que não vazasse. Eram grandes as apostas de que "Glory Days" seria uma delas. O palco foi montado ao centro do gramado do estádio Raymond James em incríveis 8 minutos (isso mesmo, foi montado na hora), e os felizardos com ingresso VIP puderam descer ao gramado para assistir de perto.

O show do intervalo, Mr. Bruce Springsteen
(fonte: Sports Illustrated)

Mostrando uma grande presença de palco, Bruce Springsteen levou à loucura os presentes ao Raymond James. Ele subia no piano, andava pra lá e pra cá na passarela cumprimentando e apertando as mãos de todo mundo. A primeira música foi "Tenth-Avenue Freeze Out", do álbum Born To Run, seguida pela faixa-título do mesmo álbum. Dois clássicos absolutos na sequência. Em seguida, como estava lançando um álbum novo, The Boss apresentou uma música desse novo trabalho, chamada "Working On A Dream", que ele tocou inclusive na posse do presidente Barrack Obama, com direto a um coral gospel composto por vários jovens no refrão. E para finalizar, a música que todos esperavam. "Glory Days" fez o Raymond James vir abaixo. Bruce ainda se permitiu uma licença poética, homenageando a final do Superbowl ao alterar a letra da música, cantando "I had a friend was a big football player" ao invés de "I had a friend was a big baseball player". Um grande encerramento para 12 minutos (um pouquinho mais, vai) de apresentação. O palco desmontado de modo eficiente e as pessoas retornaram ordenadamente para as arquibancadas, enquanto o gramado permanecia perfeito.

"The Boss" Bruce Springsteen destruindo tudo no intervalo
(fonte: Sports Illustrated)

Terceiro quarto de jogo, os Cardinals bem que tentam encaixar suas jogadas ofensivas, mas cometem uma quantidade absurda de faltas, dando várias jardas de graça para os Steelers. Por algum milagre divino, a equipe de Pittsburgh conseguiu apenas três pontos, com um field goal de 21 jardas batido por Jeff Road. A vantagem aumentava para 20 a 7. Mas os últimos 15 minutos de jogo trariam emoções que o mais fanático torcedor de futebol americano poderia imaginar.

Larry Fitzgerald faz uma recepção monstro para seu
primeiro touchdown
(fonte: Sports Illustrated)

No último quarto, Kurt Warner mostrou que não veio a campo para ser coadjuvante, e do alto de seus 37 anos comandou uma virada sensacional dos Cardinals. Logo de cara, aproveitando o jogo corrido de Edgerrin James, ele coloca o time na porta da end zone dos Steelers. O touchdown veio a seguir, com um chuveirinho para James Fitzgerald dentro da end-zone, diminuindo a vantagem dos Steelers para 20 a 14.

Larry Fitzgerald corre pelo meio para virar o jogo para os Cardinals
(fonte: Sports Illustrated)

Depois, tivemos um punt incrível, que deixou a bola na marca de uma jarda da end zone do Pittsburgh. Big Ben consegue uma jogada sensacional para Santonio Holmes para tirar os Steelers do buraco, mas seu esforço foi em vão, porque a linha ofensiva do time cometeu uma uma falta dentro da própria end zone. Safety a favor dos Cardinals, que ganharam dois pontos e a posse de bola. Larry Fitzgerald recebe um passe de 64 jardas de Kurt Warner e avança pelo meio do campo. A defesa bem que tentou chegar, mas era tarde demais. Os Cardinals conseguiram virar o jogo para 23 a 20, faltando pouco menos de três minutos para o final. Quem foi o animal que deixou ele desmarcado nesse momento do jogo?

Big Ben tirando coelho da cartola para fazer seus passes
(fonte: Sports Illustrated)

Parecia que teríamos uma grande zebra nesse ano de Superbowl. Mas o Steelers ainda contavam com Big Ben para fazer mais um milagre. Ele encontrou Santonio Holmes livre para correr 40 jardas e deixar o time a cinco jardas de um touchdown. Big Ben fez uma jogada fantástica para Santonio Holmes, que conseguiu a façanha de deixar a bola passar pelo meio de suas mãos mesmo estando livre. Mas na seguinte, Big Ben arrumou um passe alto para o mesmo Santonio Holmes no canto da end zone, quase saindo do campo, fazendo a bola passar por cima de três defensores. Touchdown marcado e o Steelers volta a liderar. Restando ainda 35 segundos para tentar alguma coisa, o Arizona Cardinals não conseguiu fazer mais nada.

Santonio Holmes dessa vez não deixa a bola escapar
(fonte: Sports Illustrated)

Final de uma das partidas mais emocionantes da história do Superbowl. O Pittsburgh Steelers, para alegria de seus fanáticos torcedores, era o campeão do Superbowl XLIII, que teve uma audiência de nada menos que 97 milhões de espectadores apenas nos Estados Unidos, e reina absoluto como o maior vencedor, com nada menos que seis títulos de campeonato.

Big Ben levanta o troféu! O Pittsburgh é campeão mais uma vez
(fonte: Sports Illustrated)